História
O complexo a que pertence o edifício começou a ser construído em 1945, pelo promotor Ferreira e Filhos Lda., de Delfim Ferreira, um importante empresário português nascido em 1880 na vila de Riba d'Ave, conselho de Famalicão.
Delfim era filho do pioneiro industrialista Narciso Ferreira, que transformou uma pequena tecelagem artesanal na maior empresa têxtil do país na segunda metade do século XIX.
Desenvolve-se na metade Sul do quarteirão situado entre a Rua de Sá da Bandeira a nascente, a Rua Firmeza a Sul, a Rua do Bolhão a Poente e a Rua de Guedes de Azevedo a Norte.
Os autores do projecto foram os arquitectos portuenses Eduardo Martins e Manuel da Silva Passos Júnior que deixaram pela cidade vasta obra, em que se incluem o edifício Capitólio na Avenida dos Aliados, e a Igreja do Cristo Rei. O estilo Art Deco tardio apresenta detalhes remeniscentes do palacete de Serralves onde Delfim Ferreira viria a residir a partir de 1957.
O projecto de engenharia foi feito por Francisco Sarmento Correia de Araújo, que trabalhou no projecto estrutural dos Paços do Conselho, assim como na pista do Aeroporto de Francisco Sá Carneiro. A técnica construtiva do edifício é mista, com paredes em alvenaria de granito e lajes de betão armado. A cobertura é estruturada em vigas roliças de carvalho e castanho e telha cerâmica.
O edifício do número 605 mantém ainda dois dos seus inquilinos originais, a loja de flores e o antigo Banco Espirito Santo e Comercial de Lisboa, agora Novo Banco. Ao longo dos anos fizeram deste local a sua casa empresas como a Rootes Motors Limited, Pneus Mabor, a EDP, a Santos e Mendonça Importadores, um laboratório de análises clínicas, vários consultórios médicos e de advocacia.
Arrastado pelo gradual abandono de residentes e negócios da Baixa da cidade, a partir dos anos 80 o edifício entrou em declínio. Ao enorme êxodo da população, seduzida pelas periferias mais viradas para um estilo de vida ligado ao automóvel, seguiu-se a trasladação do tecido empresarial para a zona da Boavista, e depois para as grandes superfícies.
Com a aquisição em Junho de 2016 e o processo de reabilitação dos pisos de habitação concluído, abrem-se novas perspectivas para o edifício e para a zona Norte de Sá da Bandeira.
Projecto
A zona do Bolhão encontra-se em fluxo. À reabilitação do Mercado, juntam-se vários investimentos privados. O corredor Norte - Sul, formado pelas Ruas de Sá da Bandeira e de Santa Catarina, perfila-se como a nova zona de desenvolvimento na Baixa do Porto.
A abertura de novas empresas associadas à gastronomia como a Fábrica de Cervejas Portuense o a Chocolataria Equador consolidam a zona com polo gastronómico do Porto, em conjunto com as lojas tradicionais como a Casa Chinesa, a Pérola do Bolhão e a Casa Lourenço.
A área do Bolhão goza excelente acesso a transportes e proximidade dos equipamentos culturais da cidade, como o Coliseu, o Teatro Municipal Rivoli e o Cinema da Trindade. Existem também múltiplas opções para estacionamento.
A reabilitação tem como principal orientação a manutenção das três funcionalidades originais do edifício: Comércio, escritórios e residências. Assim se garante ocupação a qualquer hora do dia e se assegura a vitalidade do quarteirão.
No rés do chão permanecem 4 estabelecimentos comercias todos eles com espaço de armazém na Cave 1. No primeiro e segundo andares vão entrar novas empresas, juntando-se à escola internacional de línguas Inlingua, que ocupa o lado esquerdo do piso 1 desde 1998.
Nos dois últimos andares preservamos os quatro apartamentos originais, de grandes dimensões e qualidade, com áreas superiores a 200 m2.
O edifício mantém lojas no R/C e dois andares de escritórios directamente acima. Os três pisos superiores destinam-se a habitação, sendo o 3º andar convertido de escritórios para quatro apartamentos.
A reabilitação desenvolveu-se em duas fases. Na primeira, procedeu-se ao restauro de fachadas e zonas comuns, reparação e isolamento da cobertura e uniformização de caixilharias.
A segunda fase visou a reabilitação dos três pisos de habitação. Foram substituídos os componentes mecânicos do edifício, recuperados os sistemas originais de aquecimento, e instalados novos equipamentos de energia solar e rede de gás natural.
As obras concluíram-se em Maio de 2018, os primeiros apartamentos estão a ser agora ocupados.
Equipa
Arquivo
Rua de Sá da Bandeira 605
4000 437 Porto
Portugal